O universo digital vem se transformando e se inovando a cada ano. E, dentre essas mudanças, estão soluções tecnológicas que alcançaram o mercado jurídico, dando espaço para o direito e para a advocacia digital.
Com novas ferramentas, áreas de atuação e legislações voltadas para o digital, o advogado passou a ter uma presença ainda maior no mundo virtual e nas redes sociais.
Por conta disso, é imprescindível que os profissionais de Direito compreendam o que é a advocacia digital e o que eles precisam saber para ter sucesso e seguir nessa carreira.
Neste artigo, trouxemos explicações sobre o tema, as quais você pode conferir a seguir. Confira!
O que é a advocacia digital?
A advocacia digital é a atuação do advogado voltada para o ambiente digital.
Essa carreira engloba práticas relacionadas a novas tecnologias jurídicas, ferramentas e estratégias digitais, bem como novas leis que abordem o comportamento das pessoas na Internet.
A advocacia digital é uma solução para facilitar o dia a dia do advogado, tornando-o mais eficiente e automatizado, pois permite não somente adquirir novos clientes, como também utilizar tecnologias que tornem a tomada de decisão mais assertiva.
O que preciso saber para atuar na advocacia digital?
Agora que você sabe o que é a advocacia digital, é importante conhecer os principais temas e conhecimentos que são necessários para ter uma carreira de sucesso na área.
Por isso, elencamos abaixo tudo o que você precisa saber para atuar na advocacia digital.
1. Marketing digital jurídico
Uma das ferramentas à disposição do advogado é o marketing digital jurídico.
Por meio dele, o profissional poderá executar estratégias legais e em conformidade com as normas éticas da OAB, as quais serão capazes de atrair novos clientes para seu negócio, através de anúncios digitais, sites ou redes sociais.
Com uma boa estratégia de marketing digital, o advogado cria novas possibilidades de comunicação com seus potenciais clientes, conseguindo focar, também, na construção de uma imagem e uma presença forte no mundo on-line.
Existem várias técnicas de marketing jurídico que podem ser utilizadas na advocacia digital e uma delas é o marketing de conteúdo. Nessa estratégia, o advogado se preocupa em criar conteúdos relevantes e de qualidade para sua audiência, e os distribui gratuitamente no meio escolhido, seja no site, rede social ou portal jurídico.
O marketing de conteúdo permite que o advogado atraia clientes constantemente, pois seu conteúdo estará à disposição sempre que for consultado na internet. Além disso, contribui para transformar o profissional em uma autoridade na sua área de atuação.
Por fim, é importante reforçar que existem outras técnicas de marketing digital que podem ser utilizadas, cabe ao profissional estudá-las e ver qual se adequa melhor ao seu negócio.
2. Leis de direito digital brasileiro
O direito brasileiro vem sendo povoado por novas leis regulamentando o comportamento e a segurança digital das pessoas.
Com isso, surgem diferentes formas de atuação na advocacia digital, pautando-se na aplicação dessas leis voltadas para o direito digital.
Para compreender algumas delas, trouxemos 3 importantes leis desta área.
2.1 Lei Carolina Dieckmann
A Lei Carolina Dieckmann, conhecida como a Lei nº 12.737/12, traz em seu texto a tipificação de crimes informáticos, consequentemente alterando o nosso Código Penal.
Ela comina penas para crimes como invasão de aparelhos eletrônicos, interrupção de serviços digitais ou de conexão, falsificação de documentos ou de cartões de crédito ou débito.
A lei traz esse nome informal por ter sido aprovada no mesmo ano em que a atriz teve fotos e conversas íntimas vazadas por uma pessoa que havia recebido aparelhos eletrônicos dela para conserto.
2.2 Marco Civil da Internet
O Marco Civil da Internet, garantido pela lei nº 12.965/14, estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, além de estipular diretrizes para a ação do Estado dentro das redes.
A legislação traz temas importantes sobre como a internet deve ser utilizada em território nacional, preservando valores como liberdade de expressão, neutralidade e privacidade.
Ela estabelece critérios de direitos e deveres de usuários, além de trazer regras para a manutenção da privacidade dos mesmos por terceiros, como provedores de serviços de internet e demais empresas.
2.3 Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
Por último, temos a Lei Geral de Proteção de Dados, criada a partir da lei nº 13.709/18. Essa é provavelmente a lei que atualmente é a mais relevante dentro do campo do direito digital.
Como o nome já traz, essa lei tem como objetivo específico resguardar os dados pessoais de pessoas e empresas que estão dentro da internet.
Além disso, ela traz um impacto enorme nas relações comerciais de empresas que utilizam os dados das pessoas para prospecção de clientes, uma vez que garante maior transparência das empresas com o público, mostrando como utilizam dados pessoais dos indivíduos.
A proteção de dados é uma das discussões mais relevantes a respeito do direito digital no mundo inteiro. Ter uma legislação específica para essa proteção, que garante maior transparência na manipulação desses dados pelas empresas, foi um passo fundamental para a área no Brasil.
3. Legaltechs ou Lawtechs
As lawtechs ou legaltechs são empresas que desenvolvem soluções tecnológicas voltadas para o mercado jurídico.
Seus produtos podem variar desde softwares jurídicos até programas e APIs de extração de dados, cálculo de prazos e honorários, compilação de estatísticas sobre a atividade de um escritório de advocacia ou departamento jurídico.
Desta forma, o profissional interessado em advocacia digital poderá atuar no jurídico dessas empresas, ou, então, pode usufruir de suas soluções em sua própria atividade.
Por isso, é importante compreender quais tecnologias e ferramentas jurídicas se encontram hoje, no mercado, para facilitar a vida do advogado. Abaixo, compilamos algumas delas a título de conhecimento.
3.1 Software jurídico
Softwares jurídicos são tecnologias capazes de automatizar tarefas e procedimentos repetitivos, acompanhar prazos, publicações e processos, controlar os aspectos financeiros de um escritório e gerenciar contratos de prestação de serviços realizados com clientes.
Cada programa pode ser feito sob medida, por contratação fixa ou por módulos, a depender da empresa que o produz.
Existem diferentes tipos de softwares jurídicos no mercado e, por conta disso, é importante que o advogado conheça o funcionamento do seu escritório para saber qual tecnologia supre melhor suas necessidades.
3.2 Jurimetria, volumetria e indicadores
Os conceitos de jurimetria, volumetria e indicadores jurídicos têm evoluído junto com a tecnologia.
A jurimetria, por exemplo, é compreendida como a estatística aplicada ao Direito, e pode ser facilmente utilizada por meio de softwares jurídicos, os quais automatizam análises de dados sobre cada aspecto do seu escritório.
Essa mensuração deve ser capaz de gerar previsões para o seu negócio, sejam elas de ganho ou perda de causas, ganhos ou perdas financeiras.
A volumetria, por sua vez, trata da análise de dados menos aprofundados, sem ser possível gerar previsões a partir deles. Ela visa indicar, por exemplo, quantos processos você tem ativos, quantos estão aguardando audiência, quantos já estão em fase de cumprimento de sentença e execução, e assim por diante.
Tanto a jurimetria e a volumetria performam associadas a indicadores jurídicos. Estes dizem respeito à forma como serão mensurados os resultados de ações tomadas, a partir de informações quantitativas geradas.
Assim, utilizando indicadores jurídicos no seu escritório é possível determinar prioridades, tomar decisões baseadas em dados, rastrear as origens dos resultados e localizar anomalias e desvios.
Assinaturas eletrônicas e digitais
Outro ponto que merece destaque na advocacia digital é com relação às assinaturas digitais e eletrônicas.
Essas ferramentas não apenas mantêm a mesma segurança jurídica dos documentos quando comparados àqueles assinados fisicamente e autenticados em cartório, como também agilizam a rotina dos advogados e facilitam a gestão de contratos.
A assinatura eletrônica é aquela que envolve todos os métodos online que assinem, acessem, validem documentos, operações ou plataformas. Assim, ela engloba todas as modalidades de aceites realizados no meio virtual.
Já a assinatura digital é considerada uma espécie de assinatura eletrônica, sendo ela criptografada e baseada em um certificado digital emitido por uma Autoridade Certificadora Credenciada.
Conhecer os benefícios e as funcionalidades que as assinaturas eletrônicas podem trazer para o melhor desempenho das atividades do seu escritório é essencial para todos os profissionais que desejam seguir carreira na advocacia digital.
Ferramentas de segurança digital
Como foi possível perceber, são muitos conhecimentos voltados ao mundo online que o advogado digital precisa ficar por dentro.
Nesse contexto, inserem-se as ferramentas de cibersegurança, as quais permitem uma atuação mais segura do advogado, seja no seu próprio computador, seja em todas as redes utilizadas em seu escritório.
Alguns exemplos dessas ferramentas são:
- Firewalls, cuja função é filtrar fluxos de tráfego em uma rede, identificando conexões inseguras e ameaças à segurança do usuário;
- Sistemas de controle de acesso, os quais disponibilizam modos de autenticação seguros para acesso, por meio de logins e senhas, e que preservam sua identidade e seus dados sensíveis;
- Criptografia de dados, a qual é responsável por proteger informações sensíveis por meio de algoritmos que codificam os dados e impossibilitam a sua leitura por terceiros;
- Blockchain, tecnologia na qual também se utiliza a criptografia de dados, registrando-as em sequência, na rede, e de forma imutável.
É claro que, além dessas, existem outras ferramentas de segurança digital que merecem atenção e devem ser conhecidas ao longo da carreira jurídica voltada para o digital.
Escritórios digitais de advocacia
Por fim, chegamos ao último ponto de destaque – mas não menos importante – sobre a advocacia digital: os escritórios virtuais.
Com a vasta quantidade de ferramentas digitais à disposição para advogados, desde o peticionamento eletrônico pelos próprios sites dos tribunais, até softwares jurídicos de acesso remoto a partir de qualquer lugar, grandes escritórios deixaram de ter sedes físicas e migraram para o ambiente virtual.
Assim, os profissionais passaram a criar verdadeiros portais on-line, devidamente estruturados para atender ao público e fornecer conteúdo jurídico de qualidade para seus potenciais clientes.
A partir dos escritórios digitais, os advogados conseguem:
- Atender de forma online seus clientes, de qualquer lugar, mantendo o cuidado que cada caso requer;
- Agrupar em nuvens ou softwares jurídicos todos os documentos, processos e dados com maior segurança;
- Reduzir gastos por não ter mais sede física, e consequentemente aumento no faturamento;
- Trabalhar remotamente, junto com os demais integrantes da equipe.
Como se pode perceber, são inúmeras vantagens que os escritórios virtuais podem oferecer para os advogados, sem que se perca a qualidade nos atendimentos e a produtividade diária ideal.
Conclusão
Em atenção a tudo o que foi exposto, é evidente que a advocacia digital está abrindo novos rumos para os advogados e para os escritórios de advocacia.
Com novas áreas de atuação voltadas para a proteção virtual das pessoas, com possibilidades de implementar estratégias de marketing digital jurídico, com novas tecnologias surgindo para trazer melhorias às rotinas dos advogados, não há como negar que a advocacia digital é vista como uma tendência no mercado jurídico para os próximos anos.
Assim sendo, cabe ao advogado encontrar as soluções digitais que melhor se adequem à sua carreira, buscando sempre atuar com ética, probidade e respeito profissional, seja no ambiente físico ou virtual.