As licitações públicas são instrumentos indispensáveis para que a Administração Pública contrate bens, serviços e obras, sempre observando os princípios da transparência, eficiência e igualdade.
Reguladas atualmente pela Lei nº 14.133/2021, a Nova Lei de Licitações e Contratos (NLL), elas modernizaram o antigo modelo da Lei nº 8.666/1993, ampliando a clareza nas normas e os princípios aplicáveis.
Mesmo com um arcabouço legal robusto, erros no processo licitatório ainda são frequentes, prejudicando empresas e gestores públicos. Esses equívocos podem comprometer o sucesso de uma proposta, acarretar prejuízos financeiros, danificar reputações e resultar em severas sanções administrativas.
Este artigo detalha os 7 erros mais comuns, explora os princípios fundamentais que norteiam as licitações e analisa modalidades contratuais essenciais, como concessão, permissão e autorização.
Princípios fundamentais das licitações públicas
A Nova Lei de Licitações estabelece uma base sólida de princípios, garantindo que as contratações públicas sejam regidas por valores que asseguram justiça, transparência e eficiência. Entre os principais, destacam-se:
- Legalidade: toda licitação deve respeitar as normas legais vigentes;
- Impessoalidade: as decisões devem ser imparciais e objetivas, sem favorecimentos;
- Moralidade: as ações devem seguir padrões éticos;
- Publicidade: todas as etapas devem ser amplamente divulgadas ou estarem disponíveis para consulta da população em geral;
- Eficiência: o processo deve buscar o melhor resultado, empregando o menor custo possível;
- Igualdade: todos os concorrentes devem ter as mesmas condições de participação;
- Julgamento objetivo: os critérios de avaliação devem ser claros e previamente estabelecidos;
- Planejamento: prioriza a organização para otimizar recursos públicos;
- Transparência e probidade: reforçam a confiança nos processos e evitam práticas ilícitas;
Esses são alguns dos principais princípios da NLL, os quais são fundamentais para a realização de contratações justas e alinhadas ao interesse público, evitando práticas ilícitas e corrupção.

Os 7 principais erros em licitações públicas
1. Falta de planejamento estratégico
A ausência de planejamento é uma das falhas mais recorrentes e graves. Muitas empresas ignoram a complexidade do processo licitatório, resultando em propostas desalinhadas aos requisitos do edital.
Como evitar:
- Realize uma análise detalhada dos requisitos do edital.
- Estabeleça um cronograma que contemple prazos e etapas da licitação.
- Avalie a viabilidade financeira e operacional da proposta antes de apresentá-la.
2. Desatenção aos editais
O edital é a “bíblia” do processo licitatório, funcionando como um verdadeiro guia que rege todas as etapas e exigências da contratação pública. Ignorar seus detalhes ou interpretá-los de forma inadequada pode resultar em desclassificação imediata, além de causar prejuízos administrativos, financeiros e danos à reputação da empresa.
Como evitar:
- Leia o edital integralmente, incluindo anexos.
- Crie um checklist com todas as exigências e prazos.
- Solicite esclarecimentos ao órgão responsável, se necessário.
3. Documentação Incompleta ou Incorreta
Um dos erros mais recorrentes em processos licitatórios é a apresentação de documentos incompletos ou desatualizados, o que frequentemente resulta na desclassificação do licitante.
A extensa lista de documentos exigidos pela legislação e pelos editais, aliada à complexidade das especificações, contribui significativamente para esse tipo de equívoco. Por isso, é essencial atenção redobrada e uma gestão documental eficiente para evitar esse problema.
Como evitar:
- Mantenha uma base de dados atualizada com todos os documentos exigidos.
- Realize uma verificação rigorosa antes de enviar a documentação.
- Tenha uma equipe especializada para revisar os processos.
4. Subestimar custos e prazos
Empresas que apresentam propostas com valores irreais para tentar vencer a licitação frequentemente enfrentam dificuldades na execução contratual, como atrasos e prejuízos financeiros.
Como evitar:
- Utilize ferramentas de gestão para calcular custos e cronogramas.
- Análise de dados históricos de projetos semelhantes.
- Certifique-se de que a proposta cubra todos os custos diretos e indiretos.
5. Desconhecimento das legislações
O desconhecimento ou a interpretação equivocada da Nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021) pode levar à inabilitação da empresa ou à execução incorreta do contrato.
Como evitar:
- Participar de cursos e treinamentos sobre licitações públicas.
- Consulte assessorias jurídicas para esclarecer dúvidas.
- Acompanhe atualizações legislativas em fontes confiáveis.
6. Falhas na comunicação
Uma comunicação ineficaz pode gerar mal-entendidos, atrasos e conflitos com o órgão contratante.
Como evitar:
- Estabeleça canais claros de comunicação desde o início.
- Mantenha as partes interessadas informadas sobre o progresso do projeto.
- Realize reuniões periódicas para alinhar expectativas.
7. Desconsideração de critérios ambientais e sociais
Os critérios de sustentabilidade e responsabilidade social são cada vez mais valorizados nos processos licitatórios. Ignorá-los pode resultar em perda de pontos ou até desclassificação.
Como evitar:
- Inclua práticas sustentáveis e sociais na proposta.
- Demonstre o impacto positivo do projeto para a comunidade.
- Consulte o edital para entender como esses critérios serão avaliados.
Modalidades de contratos públicos: concessão, permissão e autorização
A Nova Lei de Licitações regula diversas modalidades contratuais, como concessão, permissão e autorização, cada uma com finalidades específicas.
- Concessão: destinada à prestação de serviços públicos ou exploração de bens públicos, com contratos que geralmente envolvem investimentos significativos. Exemplo: concessão de rodovias.
- Permissão: caracterizada pela simplicidade e pela natureza precária, voltada para serviços públicos de menor complexidade. Exemplo: transporte público municipal.
- Autorização: permite o uso de bens ou a realização de atividades específicas. Exemplo: autorização para eventos em áreas públicas.
Esses contratos exigem atenção especial, tanto na elaboração das propostas quanto na execução, para evitar sanções administrativas.
A conexão entre licitações e contratos administrativos
As licitações e os contratos administrativos são interdependentes. A licitação seleciona o fornecedor mais adequado, enquanto o contrato regula a relação entre as partes. Exemplos de contratos administrativos incluem:
- Contratos de obra pública, como a construção de escolas e hospitais;
- Contratos de fornecimento, como a aquisição de material escolar;
- Parcerias público-privadas (PPPs), que distribuem riscos entre o setor público e o privado.
Consequências pelo descumprimento dos contratos
O descumprimento de obrigações contratuais pode acarretar graves sanções, previstas nos artigos 155 e 156 da Lei nº 14.133/2021. Entre as penalidades estão:
- Advertência: aplicada para infrações de menor gravidade;
- Multa: pode variar de 0,5% a 30% do valor do contrato; e
- Suspensão temporária: impede o licitante de participar de novas licitações por até dois anos;
- Declaração de inidoneidade: proíbe a empresa de contratar com a Administração Pública por até seis anos.
Dicas para evitar sanções
Para minimizar os riscos de sanções administrativas, considere:
- Implementar um programa de compliance para garantir a conformidade com as normas.
- Priorizar a qualidade na execução dos contratos, atendendo às especificações técnicas.
- Manter uma comunicação aberta e proativa com o órgão contratante.

Benefícios do planejamento e da formação contínua
Uma maneira eficaz de evitar os erros mais comuns e as consequências negativas em licitações é investir na qualificação contínua e no aprofundamento das mudanças legislativas. Com a constante evolução das normas, como as trazidas pela Lei nº 14.133/2021, o conhecimento atualizado se torna indispensável para navegar com segurança no universo das contratações públicas.
Por exemplo, o artigo “Nova Lei de Licitações: Tudo o que você precisa saber” do blog IDP, oferece um panorama abrangente sobre as inovações introduzidas pela nova legislação.
Outro material relevante ao tema é o artigo “Contratos Administrativos: o que são e quais são suas características?”, disponível em outro artigo do blog, que explora em detalhes as diversas modalidades de contratos e demonstra como esses instrumentos garantem eficiência e credibilidade aos processos licitatórios.
Considerações finais
A participação em licitações públicas exige mais do que boas intenções; requer preparo técnico, conhecimento jurídico e atenção aos princípios administrativos. Evitar os erros comuns e adotar boas práticas pode não apenas aumentar as chances de sucesso, mas também preservar a reputação da empresa no mercado.
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Referências
CARVALHO, Guilherme. Licitação e aplicação de sanções: entre a prerrogativa e a obrigatoriedade. Consultor Jurídico, 27 set. 2024. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2024-set-27/licitacao-e-aplicacao-de-sancoes-entre-a-prerrogativa-e-a-obrigatoriedade/.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 15. ed. rev., atual Rio de Janeiro: Forense, 2024. E-book. (1 recurso online). ISBN 9786559649822. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9786559649822.
MAZZA, Alexandre. Curso de direito administrativo. 14. ed. rev., atual São Paulo: Saraiva Jur, 2024. E-book. (1 recurso online). ISBN 9788553620296. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788553620296.