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Análise Econômica do Crime: quanto custa (não) investir em segurança?

Análise Econômica do Crime: quanto custa (não) investir em segurança?

Você já se perguntou por que, mesmo com leis mais duras e cadeias cada vez mais lotadas, a criminalidade continua sendo um dos maiores desafios do Brasil?

A resposta pode estar não na quantidade de leis ou no tamanho das penas, mas em como, e onde, investimos nossos recursos. 

É aí que entra a chamada Análise Econômica do Crime, uma abordagem que pode mudar completamente a forma como enxergamos a segurança pública. 

Por que o criminoso escolhe o crime?

Dizer que o criminoso toma uma decisão racional pode soar, à primeira vista, insensível ou reducionista. 

No entanto, foi exatamente essa a provocação feita por Gary Becker, economista da Universidade de Chicago, em seu revolucionário artigo Crime and Punishment: An Economic Approach, publicado originalmente em 1968. 

A tese, hoje consagrada, rompeu paradigmas ao aplicar a lógica da escolha racional ao universo da criminalidade, um campo, até então, dominado por explicações sociológicas, morais ou biológicas.

Becker partiu de uma premissa simples: ofender a lei é uma forma de ação racional diante de incentivos econômicos mal distribuídos. 

Dessa forma, o indivíduo calcula se vale a pena cometer um crime com base em três fatores:

  1. Benefício esperado com a conduta criminosa (como o valor de um roubo ou fraude);
  2. Probabilidade de ser apanhado e condenado;
  3. Severidade da punição aplicada, caso seja pego.

Se o retorno esperado superar os custos envolvidos, o crime se torna uma escolha racional, ainda que socialmente indesejável. 

Becker descreveu esse processo como uma extensão do modelo econômico clássico: “pessoas respondem a incentivos”. Isso significa que crimes não ocorrem apenas por desvio de conduta, mas porque há falhas no sistema de dissuasão.

No próprio artigo, Becker apresentou estimativas econômicas do custo do crime nos Estados Unidos à época: cerca de US$ 21 bilhões em 1965, equivalentes a quase 4% do PIB. 

Isso incluía não apenas os danos diretos (como perdas patrimoniais e prejuízos com crimes violentos), mas também os gastos públicos com policiamento, processos judiciais, prisões e as despesas privadas com segurança, seguros e proteção. 

É dizer, o crime, além de ser uma escolha do indivíduo, é também um enorme custo para a coletividade.

Outro ponto central da pesquisa é que a severidade da punição (como o aumento de penas) tem efeito limitado sobre a decisão do criminoso. 

O que realmente importa, segundo Becker, é a probabilidade de punição. Ou seja, o crime é mais eficientemente combatido quando o risco de ser pego é alto, não necessariamente quando a pena é longa.

Essa abordagem inaugurou o campo conhecido como Análise Econômica do Crime, influenciando políticas públicas, estudos empíricos e reformas penais ao redor do mundo. 

E ainda hoje, como você deve perceber, suas perguntas continuam provocando o sistema: será que estamos investindo corretamente para dissuadir quem calcula que o crime “vale a pena”?

Prisões cheias, crimes de pé: onde está o erro?

O Brasil prende muito… mas prende bem?

Essa é a pergunta que poucos se atrevem a fazer e que todos os gestores públicos deveriam responder.

Nosso sistema carcerário está superlotado, desorganizado e dominado por facções. 

Quase metade dos presos responde por crimes como furto, tráfico ou porte ilegal de arma, condutas que, em muitos casos, poderiam ser enfrentadas com alternativas penais menos custosas e mais eficazes. 

Mas, ao invés de desarmar a bomba, seguimos alimentando o sistema com mais gente e menos estratégia.

Enquanto isso, os números são alarmantes. Segundo o IPEA, a violência custa ao Brasil cerca de 6% do PIB, um impacto econômico superior ao de muitas reformas estruturantes. 

Aliás, 62% das mortes em prisões brasileiras são causadas por doenças, de acordo com levantamento divulgado pela Rádio USP.

Em meio a esse colapso, há quem proponha um caminho diferente e ele já existe. 

O modelo das APACs, por exemplo, tem mostrado que é possível punir com responsabilidade, recuperar com dignidade e gastar menos com mais resultado. 

Nas palavras do ministro Rogério Schietti Cruz (STJ), o que se busca ali não é suavizar penas, mas torná-las realmente transformadoras. Menor reincidência, menor custo, maior eficiência.

É quebrar o tabu. Prisão não pode ser só vingança, tem que ser política pública inteligente.

Esse é o alerta feito por Tiago Ivo Odon, doutor em sociologia e autor de um dos estudos mais lúcidos sobre o tema (Segurança Pública e Análise Econômica do Crime, RIL/2018). 

Para ele, a eficiência penal não se mede pelo número de pessoas atrás das grades, mas sim pela capacidade do Estado de prevenir, dissuadir e reintegrar.

No MBA em Gestão Estratégica em Segurança Pública e Privada do IDP, você vai explorar exatamente esse novo olhar. 

A disciplina Segurança Pública e Análise Econômica do Crime aprofunda essa abordagem, articulando teoria e prática com o apoio de um corpo docente renomado. 

Além disso, ela se integra a temas como Planejamento Urbano e Cidades Seguras, Mapeamento do Crime, Gestão de Riscos, Crime Organizado e Inteligência Estratégica, formando uma trilha completa para quem quer sair do senso comum e liderar com conhecimento, evidência e impacto.

E o papel do setor privado?

A segurança não é, e nunca foi, uma atribuição exclusiva do Estado. 

Com mais de 700 mil vigilantes registrados no Brasil, o setor de segurança privada já ultrapassa em número os efetivos das forças policiais públicas. 

Trata-se de um mercado em expansão, altamente sensível a riscos regulatórios, reputacionais e operacionais.

Nesse contexto, empresas que atuam com segurança patrimonial, transporte de valores, escolta armada ou monitoramento eletrônico precisam, cada vez mais, operar com inteligência, planejamento e conformidade. 

Afinal, gastar mal com segurança é colocar em risco ativos, contratos e reputação.

A segurança privada enfrenta hoje desafios complexos:

  • Como estruturar protocolos eficazes de coleta e análise de dados sensíveis?
  • Como alinhar a atuação da empresa com o marco regulatório vigente, que impõe exigências específicas de formação, controle, armamento e atuação?
  • Como evitar que terceirizações mal geridas exponham a organização a riscos trabalhistas, criminais ou éticos?

É por isso que o MBA em Gestão Estratégica em Segurança Pública e Privada do IDP foi desenhado para atender não apenas gestores públicos, mas também executivos, diretores operacionais e compliance officers do setor privado.

A trilha de disciplinas contempla temas fundamentais como:

  • Marco Regulatório da Segurança Privada, para entender os limites legais e as oportunidades de atuação empresarial;
  • Compliance no Setor Privado, voltado à criação de políticas internas de integridade, prevenção de riscos e conformidade com legislações específicas;
  • Coleta e Análise de Inteligência, aplicável tanto à gestão de crises quanto à antecipação de ameaças e tomada de decisão com base em evidências.

Esses conteúdos se somam a uma abordagem transversal de governança, ética e estratégia, ideal para quem deseja liderar operações complexas em shopping centers, aeroportos, bancos, eventos de grande porte ou setores logísticos.

Essas áreas em que a eficiência na segurança pode determinar a continuidade ou o fracasso de um negócio.

E isso é exatamente o que o IDP oferece.

Eficiência como compromisso com resultados

A criminalidade no Brasil representa não apenas um problema de ordem pública, mas um imenso custo econômico e social. 

Práticas penais ineficazes, como o encarceramento em massa sem estratégia ou critério, oneram o Estado, desorganizam o sistema prisional e falham em entregar o resultado mais básico que se espera de uma política criminal, a redução sustentável da violência. 

Nesse cenário, o que se impõe é a necessidade de repensar prioridades e métodos, e é exatamente isso que propõe a Análise Econômica do Crime.

No setor privado, o desafio é semelhante. Empresas que atuam na área da segurança, seja no transporte de valores, no controle de acesso ou na vigilância patrimonial, precisam operar com rigor técnico, análise de risco e conformidade regulatória. 

A lógica da eficiência também se aplica aqui, de modo que, gastar mal com segurança é comprometer resultados, contratos e reputações.

É nesse contexto que se destaca o MBA em Gestão Estratégica em Segurança Pública e Privada do IDP, um curso que alia densidade teórica e aplicação prática, voltado para a formação de líderes preparados para enfrentar os desafios contemporâneos da segurança com competência, evidência e responsabilidade. 

Com disciplinas como Segurança Pública e Análise Econômica do Crime, Mapeamento e Gestão de Riscos, Compliance no Setor Privado e Planejamento Urbano e Cidades Seguras, o programa oferece uma formação completa para quem deseja atuar com impacto real, seja no setor público ou no mercado especializado.

Se você busca uma formação sólida, com professores de referência nacional e conteúdos alinhados aos desafios contemporâneos da segurança, faça já sua matrícula no MBA do IDP e comece a liderar com estratégia, conhecimento e responsabilidade.

Quer aprofundar o tema? Veja algumas leituras recomendadas:

Segurança Pública e Análise Econômica do Crime – Tiago Ivo Odon

Eficiência Econômico-Social e Direito Penal – Everton Gonçalves e Joana Stelzer

Os efeitos da educação sobre o crime – Daniel Cerqueira e Rodrigo Moura (IPEA)

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